Filme apocalíptico é que nem pizza: até quando é ruim, é bom.
Mesmo que os personagens tomem decisões idiotas (oi, ‘Armagedom’) ou que a razão do fim do mundo seja menos crível do que 57,8 milhões de brasileiros terem votado num cara que fala “cuestão” (oi, ‘O Dia Depois de Amanhã’), o mundo ainda tá acabando de forma espetaculosa — o que sempre garante uma diversãozinha, vai.
Pra minha surpresa, Destruição Final: O Último Refúgio (Greenland) não só tem o fator de diversão do apocalipse em si, como ainda entrega algumas qualidades totalmente surpreendentes pra um filme desastre!
John (Gerard Butler), Allison (Morena Baccarin, o Brasil em Hollywood!!!) e seu filho Nathan compõem uma pacata família estadunidense que se vê obrigada a lutar pela sobrevivência quando um cometa gigantesco, a princípio classificado como inofensivo pelos cientistas, se choca com a Terra, desencadeando uma contagem regressiva rumo ao fim da vida no planeta.
‘Destruição Final’ faz algo muito diferente da maioria dos outros filmes desastre: ele consegue se controlar pra manter o pé no chão ao longo de toda a sua história (assim, dentro do possível num filme desastre, né).
A premissa do evento apocalíptico é muito bem justificada (de novo, dentro do possível) e a progressão de eventos, tanto da destruição em si quanto no microcosmos dos protagonistas, segue uma lógica crescente que faz sentido, sem ser atrapalhada por personagens tomando decisões idiotas tipo… bom, o filme ‘2012’ inteirinho.
O ritmo durante as duas horas de duração da narrativa é um dos melhores do gênero. O roteiro usa os primeiros ~15 minutos pra estabelecer os protagonistas e sua relação familiar, ao passo que vai inserindo dicas do que está por vir pra atiçar nossa curiosidade.
E quando a destruição começa (com efeitos especiais de primeira, vale dizer), o filme consegue colocar ótimos momentos de respiro, que se encaixam perfeitamente pra dividir seus atos sem nunca ficarem chatos ou durarem demais.
Mas talvez o mais impressionante de ‘Destruição Final’ sejam as atuações de Morena Baccarin, definitivamente uma das melhores atrizes brasileiras em atividade (isso se não for a melhor mesmo), e de Roger Dale Floyd, o ator mirim que vive o filho do casal.
Ambos entregam performances dramáticas muito acima da média de qualquer outra produção do gênero, com o jovem Roger inclusive fugindo com tranquilidade do fator “Criança Irritante em Filme de Ação” (oi, ‘Jurassic World’!).
Como dizemos aqui no 10de10, ‘Destruição Final: O Último Refúgio (Greenland)’ não é nenhum drama iraniano, mas com criatividade, pé no chão e atuações surpreendentes, ele conseguiu se destacar num gênero tão saturado e repetido como o dos filmes apocalípticos!
Destruição Final: O Último Refúgio
Com a clara visão de tentar fazer algo diferente (ou pelo menos atualizar alguns clichês do gênero), o novo longa apocalíptico de Gerard Butler consegue se destacar como um dos melhores filmes desastre dos últimos anos.
- Ótimos efeitos especiais
- Progressão lógica de eventos
- Atuações surpreendentes
- História é um pouco previsível